O primeiro mês do no ano letivo, carrega consigo o branco, período que destaca a campanha nacional que visa conscientizar a população sobre a importância da saúde mental e emocional. Reconhecida por sua trajetória transformadora no campo da saúde mental e das políticas públicas, Kennya Rodrigues Nézio é psicóloga, pesquisadora e referência nacional no combate à violência e na promoção de cuidados humanizados e compartilha sua visão sobre o movimento Janeiro Branco. Este mês, que coloca a saúde mental em evidência, é uma oportunidade de reflexão e ação para a construção de uma sociedade mais saudável e equilibrada.
“Historicamente, no Brasil, a saúde mental enfrentou décadas de negligência, especialmente durante o período de institucionalização massiva que marcou cidades como Barbacena”, explica Kennya, que liderou pesquisas inovadoras sobre a reforma das políticas de saúde mental e a implantação de serviços comunitários. “Hoje, temos uma rede de atenção psicossocial que precisa ser fortalecida, mas ainda enfrentamos desafios enormes para superar estigmas e garantir acesso igualitário aos cuidados.”
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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados em 2021, indicam que, globalmente, cerca de 1 bilhão de pessoas convivem com transtornos mentais, sendo a depressão uma das principais causas de incapacidade no mundo. No Brasil, estima-se que mais de 12 milhões de pessoas sofram de depressão e outras 18 milhões convivam com ansiedade, segundo o Ministério da Saúde de 2023.
“O impacto disso é imenso, tanto no âmbito pessoal quanto no econômico. Transtornos mentais estão entre as principais causas de afastamentos do trabalho e comprometem o bem-estar das famílias. Ainda assim, muitas pessoas enfrentam barreiras para buscar ajuda, seja por falta de informação, acesso ou medo do julgamento social”, comenta Kennya.
Além disso, Kennya destaca a necessidade de profissionais qualificados para lidar com essa alta demanda. “O aumento expressivo de casos de transtornos mentais exige uma força de trabalho bem-preparada. Precisamos de psicólogos, psiquiatras e outros profissionais da saúde mental que compreendam as complexidades desses casos e estejam alinhados às realidades sociais e culturais dos pacientes. Por isso, fortalecer a formação acadêmica e capacitar equipes são passos fundamentais.”
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Com início em 2014, o movimento janeiro branco, busca promover a conscientização sobre a saúde mental e estimular debates em ambientes públicos, escolas, empresas e redes sociais. “É um momento crucial para que governos, empresas e indivíduos reconheçam a saúde mental como prioridade”, destaca Kennya.
Ela ressalta a importância de políticas públicas robustas. “A reforma das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de Psicologia, na qual participei, foi um passo significativo. Incorporar disciplinas como Psicologia e o SUS na formação dos novos profissionais é essencial para que estejam preparados para lidar com a complexidade das demandas em saúde mental.”
Caminhos para o futuro
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Kennya acredita que o futuro exige um esforço coletivo. “Projeções da OMS indicam que, até 2030, os transtornos mentais serão a principal causa de perda de anos saudáveis de vida no mundo. Para evitar isso, precisamos investir em prevenção, com campanhas educativas, ampliação da rede de atendimento e maior integração entre saúde mental e outros serviços.”
Para Kennya, o janeiro Branco é mais do que um mês de conscientização; é um convite para reavaliarmos nossas prioridades como sociedade. “Precisamos valorizar o autocuidado e fortalecer a empatia. A saúde mental não é um luxo; é uma base essencial para construirmos uma sociedade mais justa, inclusiva e produtiva.”
Com uma trajetória que une ciência, gestão e impacto social, Kennya Rodrigues Nézio continua sendo uma das principais vozes na luta por uma saúde mental mais acessível e humanizada no Brasil. “Meu compromisso é com a transformação. Quero inspirar as pessoas a enxergarem a saúde mental como um direito e uma responsabilidade coletiva. Esse é o caminho para um futuro mais saudável para todos.”
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