O cantor sertanejo Ronaldo Torres de Souza foi preso preventivamente em Passo Fundo (RS) no dia 5 de dezembro, durante a operação “Desafino”, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). Ele é acusado de estar envolvido em um esquema de roubo de músicas por meio de perfis falsos em plataformas de streaming. Ao confessar o crime, ele se tornou a primeira pessoa no Brasil a ser detida por fraude em serviços de música digital.
De acordo com o Ministério Público, Ronaldo operava uma rede de perfis falsos que compartilhavam centenas de músicas roubadas de outros compositores. A audiência das faixas também era manipulada, com o uso de bots para gerar reproduções artificiais e aumentar os números.
A investigação revelou que o cantor usava documentos falsificados para registrar os artistas, direcionando os lucros obtidos pelas execuções para sua própria conta via Pix. O esquema resultou na apreensão de cerca de R$ 2,3 milhões em bens, incluindo carros e criptomoedas.
Após ser liberado da prisão preventiva, Ronaldo Torres de Souza foi procurado pelo UOL, mas alegou estar hospitalizado e não se manifestou mais. Seu advogado, José Paulo Schneider, declarou que o cantor “prestou todos os esclarecimentos ao MP” e continuará colaborando com as investigações.
Durante a operação, o Brasil registrou seu primeiro caso documentado de uma “fazenda de streams”, um sistema que gera acessos artificiais a músicas. Na residência de Ronaldo, em um condomínio de luxo no Recife, foram encontrados 21 laptops operando o esquema de reprodução automática, capaz de simular a audiência de 2.500 ouvintes simultâneos. Além disso, foram localizados 3.900 guias em dispositivos de Ronaldo, armazenadas em uma pasta intitulada “CDs Spotify”.
Além de roubar músicas de outros artistas, a operação também revelou que Ronaldo passou a explorar faixas geradas por inteligência artificial, sem qualquer envolvimento na composição das canções.
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O MP aponta que a rede de perfis falsos coordenada por Ronaldo causou um prejuízo de até R$ 6,6 milhões aos verdadeiros autores das músicas. Ao confessar o crime, o cantor admitiu criar identidades fictícias de artistas e capas de álbuns para lançar as faixas roubadas, embora não se lembrasse do número exato de perfis falsos criados.
Para disponibilizar músicas em plataformas de streaming, é necessário utilizar agregadoras, empresas que fazem a intermediação entre os artistas e os aplicativos. A maioria dos perfis falsos foi registrada em agregadoras estrangeiras, mas 36 dos 209 perfis foram publicados por meio da WMD, uma empresa brasileira que colaborou com as investigações. A WMD identificou também 32 perfis adicionais vinculados ao Pix de Ronaldo, o que indica que a rede de perfis falsos é ainda mais extensa.
As autoridades identificaram 11 compositores que confirmaram, em depoimento, que 25 músicas de perfis da WMD foram roubadas deles, resultando em um ganho de R$ 14 mil para Ronaldo. O promotor Fabrício Lamas, do CyberGaeco, destacou que compositores estavam deixando de enviar músicas para cantores, e até novas duplas ficaram sem acesso às obras.
Entre os afetados pelo esquema, está o cantor e compositor Murilo Huff, que conta com mais de 11 milhões de ouvintes mensais apenas no Spotify. Ronaldo poderá ser condenado a até dez anos de prisão por estelionato, uso de falsa identidade e violação de direitos autorais.
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