Lixo, desperdício, falta de educação ambiental, excesso de produtos lineares difíceis de serem reciclados, aumento da temperatura global, derretimento de geleiras e extração excessiva de recursos naturais estão consumindo o planeta. A única maneira de reverter esse risco ambiental de forma rápida e prática é a economia circular. Essa foi a conclusão de renomados especialistas durante um encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para analisar as condições do meio ambiente.
Segundo Marcelo Souza, CEO da Indústria Fox e presidente do Instituto Nacional de Economia Circular (INEC), um dos palestrantes do evento, a economia circular vai muito além da reciclagem. “Hoje, o marketing ensina a vender para a economia linear, mas o importante é se voltar para a economia circular, visando reduzir o desperdício de matéria-prima e o acúmulo de recursos parados”, observa.
Para Kalil Cury Filho, diretor adjunto do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp, é necessário manter uma comunicação mais robusta, pois ainda há muitos segmentos com dificuldade em enxergar os benefícios da economia circular. Segundo ele, com essa conscientização, as empresas terão a oportunidade de aprender como reduzir a emissão de carbono.
Milka Sukkinoja, líder de planejamento e organização de programas internacionais do SITRA (Fundo de Inovação Finlandês), afirma que a economia circular já é uma iniciativa mundial e que isso está mudando os padrões do comércio. “O mercado internacional está reforçando laços por meio de acordos comerciais nesse sentido”, comenta.
Milka lembra que, desde 2007, a produtividade aumentou significativamente, mas a reutilização de produtos não acompanhou esse crescimento. Segundo ela, os recursos devem ser utilizados de maneira mais eficiente, pois, ao fortalecer a cadeia circular, aumentam também a geração de empregos e o desenvolvimento industrial.
Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), reforça que a economia circular é uma solução prática e ágil para enfrentar a crise ambiental e climática.
O workshop com esses especialistas, realizado no final de março em parceria com a Fiesp e o INEC, serviu como um evento preparatório para o Fórum Mundial de Economia Circular, que acontecerá em maio deste ano na cidade de São Paulo. Esse será o maior evento do gênero no mundo, reunindo mais de mil participantes internacionais para debater e conhecer as melhores práticas em economia circular.
Dentro desse contexto, Marcelo Souza destaca que o lixo é uma das criações humanas mais marcantes e duradouras da história. “O lixo é um erro de projeto porque não tem fim”, lamenta. Ele também alerta sobre as grandes perdas ambientais decorrentes do acúmulo de resíduos, como o aumento da taxa de extinção de espécies, e aponta o plástico como a segunda maior ameaça ambiental do planeta. “Precisamos adotar o conceito de lixo zero para salvar o planeta antes que todos os recursos se esgotem”, defende.
Sobre Marcelo Souza
Marcelo Souza é químico e engenheiro de produção e mecânica. Possui MBA Internacional em Administração pela FGV, MBA pelo Instituto Universitário de Lisboa, pós-MBA em Tendências e Inovação, além de formação como Conselheiro de Administração pela Inova Business School. É mestre em Administração pelo Instituto Universitário de Lisboa, com especializações em Transformação Digital pelo MIT e em Economia Circular pela Universidade de Berkeley Extension.
Atualmente, é CEO da Indústria Fox – Economia Circular e suas subsidiárias, presidente do Conselho de Administração da Ilumi Materiais Elétricos, conselheiro e diretor de Meio Ambiente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) – Regional Jundiaí e membro do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp. Professor da PUC de Campinas, é também membro da Coalizão Empresarial por um Tratado dos Plásticos e presidente do INEC – Instituto Nacional de Economia Circular. Como escritor, publica agora seu terceiro livro, Reciclagem de A a Z, uma antologia que reúne conhecimentos de especialistas em economia circular e reciclagem.
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