O Brasil está cada vez mais presente nas discussões globais em destaque na COP29, a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece este ano em Baku, no Azerbaijão. Marcelo Souza, presidente do Instituto Nacional de Economia Circular (INEC), participa ativamente de debates sobre o futuro do descarte de plásticos em um importante painel.
“É uma honra essa oportunidade de poder colaborar com líderes globais e especialistas em sustentabilidade, com o objetivo comum de enfrentar os desafios climáticos que afetam nosso planeta”, disse Marcelo Souza.
Marcelo acrescentou: “Durante o evento, estive envolvido em discussões cruciais sobre soluções inovadoras para a mitigação das mudanças climáticas, estratégias para a redução das emissões de gases de efeito estufa e a promoção de práticas sustentáveis em diversas indústrias. A troca de ideias e experiências com profissionais de todo o mundo é inestimável para impulsionar ações concretas e eficazes.”
O painel, com a participação do especialista brasileiro, debateu a economia circular com foco em plásticos e ocorreu na quinta-feira (21). Souza integrou o painel “Economia Circular em Ação: Valorizando o Descarte e Reimaginando o Futuro do Plástico”, que abordou soluções inovadoras para a reciclagem de plásticos como polipropileno (PP), plástico metalizado (BOPP) e embalagens longa vida – materiais que frequentemente acabam em aterros devido à baixa valorização no mercado de reciclagem. O evento, realizado no espaço da ICC Internacional (WTO), em parceria com a Hub Conecta, teve como foco principal discutir políticas públicas e estratégias que incentivem a reciclagem desses materiais, fortaleçam a economia circular e integrem práticas sustentáveis nas cadeias produtivas.
Em sua fala, Marcelo Souza também reforçou a importância de um modelo econômico que já nasce com a circularidade como um de seus pilares. “A economia circular não é um conceito novo, ela já nasce dentro de um modelo circular, e todas as estratégias da empresa são construídas em cima de pilares de circularidade. Isso facilita muito, porque não é necessário fazer uma transição de um modelo linear para um modelo circular. Quando as empresas adotam essa visão, elas já começam a operar de forma mais integrada e sustentável”, afirmou Souza.
O especialista, que também é CEO da Indústria Fox – Economia Circular, autor do livro Reciclagem de A a Z, destacou que a questão do plástico é muitas vezes mal interpretada. “Não demonizo o plástico, pelo contrário, sou fã dele. O plástico salva vidas, como vemos diariamente em áreas como o saneamento básico e a medicina. O problema está nas misturas de plásticos, que são difíceis de separar e, por isso, não podem ser recicladas. É um desafio semelhante ao dos eletrônicos, em que a maior parte é composta por plásticos e metais misturados, tornando a reciclagem mais complexa. No entanto, a indústria tem avançado muito nesse sentido”, explicou.
Segundo Souza, a reciclagem de eletrônicos tem sido uma das áreas com maior avanço na implementação de práticas de economia circular. “Nos eletrônicos, já existe uma maturidade crescente entre os fabricantes, que buscam cada vez mais utilizar materiais reciclados, como plásticos e metais, para fechar o ciclo de produção. O conceito de mineração urbana, onde materiais de eletrônicos antigos são reciclados e reintegrados à cadeia produtiva, já é uma realidade em várias empresas, e isso é um reflexo claro de que a economia circular está se consolidando em diferentes setores”, ressaltou.
O painel na COP29 também destacou a importância da colaboração entre governos, empresas e sociedade civil para transformar as práticas de consumo e descarte, promovendo soluções mais eficazes e sustentáveis para os desafios ambientais globais. Para Souza, o momento é crucial para consolidar e expandir os conceitos de economia circular, especialmente no Brasil, onde a transição para um modelo de produção mais responsável e consciente se torna cada vez mais urgente.
Marcelo Souza, com sua vasta formação e experiência, é também professor universitário e membro ativo de diversas organizações do setor. Ele tem contribuído para o desenvolvimento de políticas públicas e melhores práticas para a economia circular no Brasil e no mundo, e com seu trabalho busca inspirar mais empresas a adotarem modelos de negócios que priorizem a reutilização de recursos e a minimização de resíduos.
A participação de Souza na COP29 reflete o papel de liderança do Brasil nas discussões globais sobre mudanças climáticas, economia circular e soluções sustentáveis. Para ele, a crescente conscientização e adoção de práticas circulares representam um passo fundamental para alcançar um futuro mais sustentável e responsável, tanto para o meio ambiente quanto para as gerações futuras.
Mais sobre o especialista:
Marcelo Souza é químico e engenheiro de produção e mecânica. Tem MBA Internacional em Administração pela FGV, MBA pelo Instituto Universitário de Lisboa, pós-MBA em Tendências e Inovação e Formação de Conselheiro de Administração pela Inova Business School. É mestre em Administração pelo Instituto Universitário de Lisboa, com especialização em Transformação Digital pelo MIT e em Economia Circular pela Universidade de Berkeley Extension.
É CEO da Indústria Fox – Economia Circular e suas subsidiárias, presidente do Conselho de Administração da Ilumi Materiais Elétricos, conselheiro e diretor de Meio Ambiente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) – Regional Jundiaí e membro do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp. Professor da PUC de Campinas, é membro da Coalizão Empresarial por um Tratado dos Plásticos e presidente do INEC – Instituto Nacional de Economia Circular. Também escritor, agora publica seu terceiro livro, a antologia Reciclagem de A a Z, que reúne conhecimentos de especialistas em economia circular e reciclagem.
Fotos: Marcelo Souza – Presidente do INEC – Instituto Nacional de Economia Circular – COP29 / Baku, no Azerbaijão – Arquivo pessoal