Com a ideia de abordar feridas da sociedade com humor, chega aos cinemas nesta quinta-feira (17) a comédia brasileira “Vale Night”, do diretor Luis Pinheiro. A trama tem no elenco como uma das protagonistas a cantora Linn da Quebrada, atualmente confinada no Big Brother Brasil 22 (Globo).
A trama acompanha a história de Daiana (Gabriela Dias) e Vini (Pedro Ottoni), um casal da periferia paulista que, assim como qualquer outro casal com filho pequeno, sonha com um “vale night” para variar um pouco a rotina. Porém, tudo começa a ruir quando Vini perde o bebê no meio de uma festa funk, o que acarreta num desespero com pitadas de drama e humor.
“O mais legal é que o filme traz várias mensagens de forma leve, como a gravidez na adolescência e a evasão escolar de jovens com filhos. Espero que os homens que forem assistir no cinema entendam que precisam compartilhar as tarefas de casa e a paternidade. Não é sobre ajudar, é sobre estar presente”, afirma o ator Pedro Ottoni, que no longa é o maior responsável pela parte cômica em uma atuação que lembra Fábio Porchat.
Na visão da atriz Gabriela Dias, o jovem casal que perde o filho na trama vem como uma mensagem para os vários casais de jovens da vida real. “Eu faço parte dessa porcentagem de jovens que são mães cedo e que são da periferia. Tenho um filho pequeno e estou com 23 anos. A mensagem que fica é a da esperança para que cuidar de uma criança não seja somente responsabilidade da mulher”, destaca.
Na história, por mais que Daiana queira curtir o seu “vale night”, é dela que surgem os medos e os receios de deixar o filho em segundo plano para poder aproveitar a noitada. E sua angústia não é injustificada. Depois da perda do bebê, Vini se junta aos amigos Pulga (Linn) e Linguinha (Marçal) para vasculhar numa espécie de Cracolândia e encontrar o garotinho.
“A nossa química fluiu muito em cena e usamos de muito improviso, já que o Luis [Pinheiro] nos dava total liberdade. Ficou mais vivo e nada foi descartado”, conta Marçal.
De acordo com o diretor, Luis Pinheiro, o roteiro era de 2014 e foi todo alterado de seu formato original. Era para ser uma comédia romântica branca e de classe média, na qual um casal de riquinhos perdia o bebê no festival Coachella, mas ele logo resolveu mudar esse rumo. Queria retratar a periferia e trazer um elenco “pensante” para dar veracidade às mensagens por trás da comédia.
“Em um longa de baixo orçamento precisamos de linguagem diferente e isso passa pela coragem de dar voz ao elenco pensante que montamos. Dessa forma, foi fácil jogar as cenas da narrativa nas mãos deles. Isso passa pelo lugar de ter gente branca fazendo filme de preto com músicas da favela. Não passa só pela minha escuta, mas por eu topar as sugestões que são dadas”, explica.
“Queríamos lançar luz sobre essa realidade e fazer pensar mais sobre as nossas meninas da periferia e como elas poderiam ter preservado sua vida e sonhos perante uma sociedade que cobra muito”, encerra Pinheiro.